sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Taking off! :o)


Brasil, Brasil...
Não é um só, é tantos!

Ai, que saudade da minha terra, literalmente do meu chão, de onde descanso meus pés, meu corpo, alma, cabeça.

A mala vazia ao lado. Na ansiedade de ir embora, eu keep on evitando o momento de packing... por quê?

A gente evita confrontos tão bobos... eu, heim?

"Levanta, mulher, faz a mala e se manda!

Corre pro braços de quem te conhece!"

É, eu vou correr pros braços teus, pros braços da língua.
("Minha pátria é minha língua!" Me lembrei disso agora.)

A antecipação da partida é deliciosa:

O avião na minha frente, a bagagem de mão, maior do que deveria, pesa e ainda assim me sinto como que pairando no ar.
Coração, lógico, respirando afobado, aos pulos.

Fui!




Anita Petry

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

palavras saídas da cabeça de alguém.


Chegando ao caixa, na saída da livraria, a mulher, enxerida simpática, disse: "Você tem uma cara boa... Cara de escritor!"

Ele respondeu: "Eu sou escritor."

Mas não era. Era apenas um leitor assíduo de coisas estranhas, de peças teatrais. Mas também não era ator, nem diretor.

Era só amante das artes, das criações humanas. Mas também não era antropólogo.

Tinha uma amiga antropóloga, pensara, já se questionando a respeito da linha de pensamento incomum que seguia.

"Calma, ela só perguntou se você era escritor!"
Ah, ele falava sozinho. Tinha longas e profundas conversas com si mesmo, os muitos de si.
Mas também não era louco!

Acho na verdade que ele não era ninguém. Amava as coisas, muitas, palpáveis ou não.

"Complicada essa história de ter que ser alguma coisa específica..." continuou.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Era uma vez Ela.


Ela questionava tudo. Seria aquela, em qualquer tempo, a sua cidade?

Nova Iorque não assusta, acolhe. Ou pelo menos, parecia acolhedora às pupilas brasileiras poéticas dela.

O que a assustava era a grandeza de tudo. O mundo é muito grande e Nova Iorque é uma janela imensa, bem de frente pra ele. Aberta. Escancarada às suas ventanias.

Quando ela chegou aconteceu um clique. A proximidade com o que é mundial, global, era perturbadora, era sensorial. Ela sentia, num suspiro profundo, a grandeza daquela cidade entrando pelas narinas, invadindo o peito, esfriando o estômago, acordando o olhar, estremecendo as mãos.

E gostava. Os prazeres que meticulosamente cultivava eram cada vez mais peculiares, cuidadosamente analisados, cada vez mais medidos, compreendidos, verdadeiramente sentidos.

E como podiam questões tão óbvias a perturbarem tanto?

Era a vontade de crescer, e ela era ansiosa, até os amigos comentavam!

Alho. Frango. Pimenta do reino. Cuzcuz. Tomate. Cenoura. Cebola. Uma taça de vinho branco.

Mal podia esperar pra ter sua própria cozinha.

Almofadas coloridas. Edredom branco. Incenso queimando devagar. Um casaco bonito pendurado no cabideiro. Um par de sapatos que ela esqueceu de guardar.

No banheiro, sabonete líquido, com certeza. Hidratante. Perfume. Banho.
Ele.
.
.
.
.
.
.
Ela, a menina, sonhava o dia inteiro com a mulher na qual,
sem sequer dar-se conta,
já havia se tornado.




Anita Petry

domingo, 7 de dezembro de 2008

Domingo.


Tá, agora eu vou escrever.

Tem que ser assim; se a vontade de escrever não vem, a gente se senta em frente ao computador, respira fundo e bota os dedos pra trabalhar.

E se eu não escrevo é porque pra isso há também um motivo. Ok, como pessoa sã que sou, lidarei com esse motivo, mesmo que aparentemente o desconheça.

Sonhei muito essa noite. Tive saudades do ex-namorado (como isso assombra!), ansiedade de ir ao Brasil, lembrei muito da Eta (com todo o amor que sempre me lembro), mas não me lembro dos sonhos especificamente.

Ontem à noite nevou. Conheci um rapaz que caminhou comigo até a estação de trem. Ele tinha sentado ao meu lado durante a peça e a gente bateu um papo. Acho que ele gostou de mim.
Me convidou pra assistir a um espetáculo da Pina Bausch e dei meu telefone pra ele. Bamboo Blues. Eu já estava louca pra ver.

Agora trabalho, saio do meu Brasilzinho (o meu quarto), paro de ouvir Olodum, e vou pra uma casa de algum milionário em Manhattan (Upper East Side) pra animar a festa da filha.

Pesquisa antropológica que me rende uns trocados.
Bom, morar em Nova Iorque já é, por si só, uma pesquisa constante.

Agora já não neva mais.

E não sei o que eu queria.

Onde você foi ontem à noite?

Tanta gente me ligou.

Você não vai chorar?

Ele se lembrava tanto dela...

Vamos pra piscina?

Eu não tenho um Ipod e sinto que isso é a minha maneira de fazer a música, e os momentos que decido passar em sua
companhia, sagrados.

Do you still have my picture?

What did you do to my picture?

Ela não era verdadeira. Nunca. Sempre dissimulava, em palavras estrangeiras, qualquer bobagem que não lhe era prazerosa.

A gente sempre quer se mostrar bem pros outros e a foto casual acima só está ali porque me achei bonita nela mesmo e queria que os outros pensassem o mesmo que estou bonita ou pensassem que eu sou bonita sempre e não só nessa foto queria que pensassem que eu escolhi essa foto sem muito pensar ou porque eu gosto da cor da luz do fato de estar de calcinha e não parecer vulgar do fato de ser um auto-retrato enquanto é só vaidade vaidade que todo mundo tem mas que cada um mostra ou lida de um jeito...

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Na falta de palavras próprias, Caetano salva.


LINDEZA

Coisa linda é mais que uma idéia louca

Ver-te ao alcance da boca

Eu nem posso acreditar

Coisa linda minha humanidade cresce

Quando o mundo te oferece
e enfim te das tens lugar

Promessa e felicidade, festa da vontade
nítido farol, sinal novo sob o sol, vida mais real

Coisa linda, lua lua lua lua

Sol palavra dança lua, pluma tela pétala

Coisa linda, desejante desde sempre
ter-te agora um dia e sempre, uma alegria pra sempre

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Me agarrando às fotos felizes...



Ai, que saco essa poesia meio prosa! Essa poesia chata!
Esses meus textos todos parecidos, todos tentando purgar alguma coisa de dentro de mim.

Isso é falta de talento, abilidade, criatividade, sagacidade... E vocabulário!
Queria dizer algo simples. Usei quatro palavras diferentes e não consegui dizer o que queria!

Tô triste. E isso não é bonito, nem tem sido agente transformador de nada. Não quero que essa tristeza seja transformada em nada além do que ela é. Talvez eu não saiba explicar (que merda esse meu português!), mas meu travesseiro sabe muito bem.
Tenho me repensado, é claro. Mas tenho pensado mais sobre ir ao Brasil! Sobre deixar a tristeza aqui e saltar leve pra dentro do avião! A gente sempre idealiza o que não tem.

Tento entender a situação, mas quero mesmo é que o cara me ame e a outra se afogue!

Ai, como eu sou chata.
Como essas palavrinhas que eu escrevo tem me irritado.

E porque é que eu sempre escrevo como "as coisas tem me deixado"??

Eu sou eu e todo mundo que lê esse blog me conhece.
Cada um me vê de um jeito, é claro (e nenhum é o jeito como me vejo), mas não preciso ficar aqui justificando os processos do coração!
Não gosto de sofrer. Não gosto de me sentir impontente.

Mas tô triste.

E como diria Adoniran Barbosa: "A tristeza é um bicho que parueta sozinho. E como rói a bandida. Parece rato em queijo parmesão."




Anita Petry

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Que montanha-russa, meu deus!!


Às vezes a gente se maltrata, se esquece, se ignora. Às vezes se cuida como vidro e uma palavra dita errada (ainda que por aquelas vozes que a gente tem na cabeça) parece fatal.
Tudo deve ser cuidadoso, como se tivéssemos dois meses de vida e nem o ar entrando e saindo das narinas fosse óbvio, ou simples.

Eu estou assim agora. Pareço uma louca e a cada passo, cada imagem que me aparece na cabeça, eu penso: peraí, isso faz eu me sentir bem? Ou isso dói? É isso que eu quero mesmo, ou estou impondo sobre mim? Isso é bom de verdade ou estou ignorando a dor?

É uma maluquice meio estranha, é claro, até porque ela só existe quando algo inevitavelmente ruim me põe frágil assim, medrosa. Mas a delícia desse processo, intensamente doloroso e angustiante (pois há tal controvérsia!), é o cuidado consigo mesmo. Não importa se no Manual da Mulher Moderna diz “quando ele faz X, você responde Y, fica magoada e sente raiva.” Eu ignoro isso e tudo o mais antes publicado. (E veja a importância da palavra escrita, pois cá estou eu a publicar agora! Só pra ter certeza de que essa idéia existe em algum lugar for de mim.)

A regra, pra mim e neste momento, é: eu quero, preciso me sentir bem e decidi, sei lá como, que faria isso escutando as vozes de dentro da minha cabeça brigarem umas com as outras. Escuto as brigas e analiso meticulosamente como o meu coração reage a cada uma, a cada palavra, a cada imagem que me vem à cabeça, cada lembrança, até a intensidade do ar invadindo as narinas! Se é bom, paro no meio da rua, onde for, e me agarro àquele momento, como uma meditação que dura apenas 10 ou 20 segundos; toda a minha concentração focada naquela cor que me fez sentir bem, no jeito de caminhar, na minha risada falsa que mexeu um músculo específico e fez o coração relaxar por um momento.

A vida ainda é a mesma, as dores entonteantes, mas acordar e me lembrar de ter sonhado com uma fruta (fruta do conde) me abriu os olhos com água na boca, e eu me lembrei da dor só depois de fazer xixi e lavar o rosto!

Os passinhos pequenos me irritam, mas a tristeza me faz ver cada passinho como um baita passão!

Vê, na semana passada eu repetia pra mim mesma, Eu quero morrer, eu quero morrer. Agora, ao reler o texto, pensei, …Que drama, Anita.

Mas esse cuidado tem mesmo sido necessário. Ai, e dá preguiça de sofrer, viu...


Por Anita Petry

domingo, 5 de outubro de 2008

Saudades desse espaço...


Saudades de criar. Saudades de inspiração.

Saudades de que então? De dor latente… embriaguez doída… nó na garganta?

É verdade. Tenho chorado certas dores, enviado muitos e-mails, pensado com toda a calma que me é possível sobre as coisas que poderiam ser melhor.

Tenho vontade de viver uma história que se foi pra longe e talvez seja cômodo pensar que não há nada que eu possa fazer. Todo o meu amor está claro e só depende da “história” agora resolver voltar pra mim.

Ah, como ouço música bonita, sonho acordada, danço deitada.

Vou seguir meu impulso interior (coisas de ator?) e ler Salomé, de Oscar Wilde, texto de amor intenso, gigante, mágico, e doente.



Por Anita Petry

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Etinha do meu coração,


A Espanha é nossa!!

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Fora da noite. Dentro de mim.


É noite na cidade-letreiro
e a idéia que construí dela,
unicamente a idéia, nada além da idéia
que construí de seus prédios, ratos, amantes, habitantes, imigrantes,
me faz uma companhia inenarrável.

Não, esse companheiro-idéia não existe nem um milímetro sequer para fora de minha cabeça, para fora de minha boca.
E nem poderia compreendê-lo qualquer outro alguém que não eu mesma.

“A poesia é barulho quando rumoreja ao sopro da leitura.” Estavas certo, Poeta.
Mas a poesia também é pulsação enquanto, sendo criada, altera o estado de meu peito,
acalma, abranda meu coração.

À poesia triste de meus amores falidos, derrotados, meus amores mal-amados, foi dado o poder, por vezes desacreditado, de botar-me feliz.

Ela é como um espelho meu, uma imagem do que me atormenta
e apesar de ter eu mesma a criado, ela é como um consolo, é como a existência de meu caos registrada em papel.

É como a existência de caos semelhante em meio apartado de minha alma, alheio à minha confusão, exclusiva e inteiramente minha,
tão minha, assim como eu mesma,
(as mãos que herdei de minha mãe, os cachos que herdei de meu pai, os olhos que não sei de quem vieram)

É como se essa confusão, tangente à sanidade, deixasse de ser exclusivamente minha.

E ao tornar-la parte do mundo exterior, inexoravelmente me agarro a ela, fazendo-a uma parte quase tolerável de mim, muito minha;
fazendo-a tão involuntária e intensamente Anita, assim como minha pele, carne e osso são partes de mim,
do esmalte vermelho que se agarra às minhas unhas, de meus órgãos em funcionamento duvidoso, do cheiro nos cabelos (as tais células mortas),
da tontura alcoólica, ou a ausência gritante, estranha dela,
assim como são parte de mim os amores fracassados que cismo em importunar, castigar em visagens encantadas.



Por Anita Petry

domingo, 13 de julho de 2008

And I try to ignore.


Angustiazinha chata! Leave my throat alone, for God’s sake!

Porque eh que tem que vir… I didn’t even realize it was already Sunday again! Maybe I had to. After all, it’s a week from last Sunday, when something indescribable was happening to my heart.

It’s a week after and life has been going without much purpose. Intense; still, somehow without much purpose.

Antonio and Ebert leaving.

Nina and Sassa arriving.

Alby remains so far from my pillows, my shower, my legs.

His music though still touches me, my heart, the walls around my bed, my fidgety hands, feet, lips. His music became the soundtrack of pretty much everything I’ve been doing. So many feelings I’ve had to deal with... And now his passionate rhythm is almost the soundtrack of American History!

If George Washington knew how Cuban his theme would be!

Yes, thank God, writing does do some good. But when someone writes you back, the response is like the real change. It’s when the pain goes from being your intimate desire to becoming the actual change through someone else’s hands. Eh como o sonho sonhado junto que acaba por virar realidade. Deixa de ser o sonho do bobo, daquele que tem a cabeca no mundo da Lua.

So much fear.

“He said ‘It’s scary’ but I didn’t understand what he meant.”

He knew so much more. He was always thirty feet ahead of her, although his heart seemed to be attached to everything she did, even the hysterical laugh the bottles of liquor would undoubtedly cause her, bottles that he didn’t like nor understood.

All I needed was a pause button applied to my thoughts. You can’t think of one single sentence, unless it was written by Proust, for more than an hour, more than a day, over every activity that makes your daily routine, or nights away in varied states of consciousness.

“…I’m still thinking about you. I’m so lonesome without you and I can’t get you out of my mind…”

A cliché song to translate cliché feelings.

“…So don’t pay no mind to my watering eyes. Must be something in the air that I’m breathing…”

Hope you have a good night, dear.
Wish you luck, health and a little bit of saudades de mim.


Yours.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Coracao apertado o meu - Mas desaperta... Ah, se desaperta!


Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...

Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído
Num grande mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho - ó dor! - quase vivido...

Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim - quase a expansão...
Mas na minh'alma tudo se derrama...
Entanto nada foi só ilusão!

De tudo houve um começo ... e tudo errou...
- Ai a dor de ser - quase, dor sem fim...

Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se enlaçou mas não voou...
Momentos de alma que desbaratei...
Templos aonde nunca pus um altar...
Rios que perdi sem os levar ao mar...

Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...

Um pouco mais de sol - e fora brasa,
Um pouco mais de azul - e fora além.
Para atingir faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...


Mário de Sá-Carneiro

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Fidgety Heart (na lingua estrangeira agora)


We didn’t let each other go. That’s all we did.

No sickly passion. No painful fight. No first sight insane love.

We noticed each other and have been, ever since, sometimes without much purpose, I confess, doing what the circumstances allow us to get closer and to not ever let each other stray.

We want each other in a subtle, almost lazy way.

It’s without much strive that we walk through each other’s lives.
And I guess we found some kind of strength within softness.

“She said ‘I love you’ but she didn’t mean anything.”

Mas tem que haver felicidade, porra… felicidade tem que ter…
Nem que a gente dependa de um album… musica, fotos, lembrancas…

Buena Vista Social Club.

Algo tem que chegar ao coracao. Correr pele, musculo, osso pra fazer o amor seguir, existir, nascer.

Como gosto de ti, meu bem.

(Vontade presa de chamar-te “meu amor.”)

I, so strong, courageous, tough, can’t help crying the anticipation of your absence.


Fidgety,
Anita.

sábado, 28 de junho de 2008

sexta-feira, 13 de junho de 2008

...frio, de tao frio, as vezes queima...


Um pouquinho de sofrimento eh tao gostoso, ne?

Hoje coloquei uma musica pra tocar no meu computador, nas caixinhas-presente do amor novo e sadio que arrumei perambulando pela cidade-letreiro, pra sofrer um amor velho e doente.

Sofrer amor velho e doente eh como voltar pra casa. Eh como, de repente, se reconhecer em meio a uma felicidade serena.

"Credo, estranha!"

A gente se ve de novo, se lembra, se chora. Me achei nesse sofrimento, nessa saudade, na historia que eu um dia construi, obviamente sozinha, e unicamente dentro de mim.

Mostrou que carrego aquela mesma Anita comigo, nao importa por que continente bata pernas, papos, palmas.

Que alivio achar eu mesma dentro de mim. Obvio e inesperado.

“Vou sofrer um pouquinho no banheiro e ja volto pra sala, tudo bem, meu amor?”

Como essa musica me finca. Ela quase me sua. Sua.

“Filha da puta!” (eh que no Brasil, mesmo quando eh homem, a gente fala “filha”).


Sofrer dores antigas eh como aliviar o desespero que se tem por desconhcer as futuras.



Por Anita Petry

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Cade?!


Que vontade de escrever alguma coisa!
Que vontade de jogar pro papel (ou pra tela) esse bando de coisas que se passa pela minha cabeca (e pelo meu coracao)!

Eh tao dificil...

O Welder se casou.

A Emilia morreu.

O Beto se mandou pra Barcelona.

O Fernando abriu uma loja.

A Lia se apaixonou.

O Ronaldo teve um principio de infarto.

A Mila se formou.

O Juliano foi pra Cannes.

A Judy nao vai ensaiar.

O Dustin nao ligou.

A Marieta nao escreveu.

A Cadija vai cortar os cabelos.

O Bruninho atendeu o telefone.

Eu preciso de dinheiro, carinho, emprego novo, amigos novos, lingua nova (!), teatro, seguranca, quilos a menos, privacidade!

"Garcom, um chopp, por favor, com colarinho!"


A primavera chegou e a vida segue no mesmo turbilhao. Porem, as vezes, mais dificil de acreditar.

O importante eh a redescoberta em meio a esse turbilhao. A redescoberta da amizade, daquele amor adormecido.

A redescoberta do olhar do ser humano, tao cheio daquilo que so nos temos: a capacidade de expressar uma emocao e, assim, possibilitar o convivio social, as relacoes tao lindas que a gente constroi no decorrer da vida.

(O chopp chegou)

Um brinde!




Por Anita Petry

domingo, 18 de maio de 2008

Saudades de Cacique e de Paje!

A saudade eh compativel com o bom humor.

Eh domingo em Nova Iorque. Domingo chuvoso.

A minha saudade nao eh triste. Ela eh so imensa. “So” imensa.

Tomo, sozinha (como tenho passado, e me sentido, grande parte do meu tempo por aqui), uisque e ouco Ole Ola.
Agora, no exato momento em que carrego o copo da boca pra mesa, nesse exato segundo, ninguem mais me vem palpitar o peito, ninguem, ninguem mais me deixa nostalgica como voce. Como teu riso sincero, teu amor escancarado, irresponsavel, teu prazer com a poesia, suja como ela ha de ser.

“Eu sei que o violao esta fraco, esta rouco, mas a minha voz nao cansou de cantar […]
Quem passa nem liga, ja vai trabalhar…”

Voce, Ronaldo, eh a minha grande ideia de poesia. E eh a ela que dedico a minha vida, os meus momentos intimos, os mais pessoais que existem.

Eu gosto das historias, sabes disso, porra, como quem gosta de viver. Eu gosto do nosso riso de poeta entregue (porque, sem falsa modestia, compartilhamos desse talento) como quem gosta da vida.

A saudade que sinto daquela merda daquela cozinha de Amaranta nao se explica, se canta. A saudade que sinto dos teus bichos, teu rio em alarde, nao se escreve, me arde.

A vida esta boa. Eu estou feliz. Mas ainda sonho com outras rimas, outras melodias, outras terras.

Amigo, adulto, coracao, saudades de voce.

Beijos da Anita, que ama voce, agora, com 23 anos!



Por Anita Petry.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Querendo ficar mais bonita...


...Mais magra, mais bronzeada, mais arrumada.

Nao preciso ficar mais interessante, nem mais paciente, nem mais informada.
Hoje, nao.

Amanha, rirei de ontem (que, no caso, sera esse dia, em que vos escrevo).

Eh claro que vou acabar rindo. Sei disso.
E me delicio um pouco em antecedencia, confesso, como que num sinal de alivio e permissao.

A verdade eh que a gente faz muita cagada na vida, e essas a gente nao evita.
A minha cabeca nao eh a mesma todos os dias (nem o espelho) e isso deve ser respeitado.

Deixem que alimente minha vaidade, minha futilidade, minha mediocridade! Oxi... CMC CSF ULM!
Amanha passa. A gente pode ate discutir Freud, Fisica, Filantropia na Finlandia!, se for fazer-te feliz.

O importante, minhas experiencias cotidianas que nada tem de especial tem me mostrado, eh rir depois.

Laughing saves the day.
E rir de si mesmo eh raro e delicioso!

Queria estar mais bonita hoje. Queria mesmo. Que saco.

"Quero mais eh que o mundo se exploda e meu peito cresca!" :o)

Ouvindo Alice in Chains... tudo de bom, meu bem!



Por Anita Petry.

domingo, 4 de maio de 2008

Margarida e Alencar


(Uma mulher de camiseta e calcinha sai do quarto (e entra em cena) dando risada, brincando com alguém que está dentro do quarto).

ELA - Pára Alencar, chega, eu não agüento mais (risada) Por favor, pára!
O convite do meu pai ta aqui... a gente vai lá hoje à noite? (Pega uma ameixa e come)

ELE - Só se você voltar pro quarto.

ELA - É sério Alencar, chega... olha, se a gente for tem que ligar pra confirmar... minha mãe ta preparando essa merda há mais de um mês... (ri)

ELE - Volta pra cá...

ELA - Ai, Alencar que saco. Ce ouviu o que eu falei?

ELE - Ouvi, linda, sua mãe ta sempre procupada com besteira... só faz merda mesmo. Podia era trabalhar, né? Parar de encher o saco dos outros. Sei lá ... mulher, viu, vai ficando velha e....

ELA - Alencar, cala a boca. Que que ce ta falando? Eu nunca falei assim da sua mãe na vida, e motivo não falta, cê sabe.

ELE - Margarida, fica na sua, que a minha mãe trabalha, ela faz alguma coisa da vida...

ELA - Alencar, chega! Não vou discutir aqui se a minha mãe é melhor que a sua... coisa ridícula. Tava tudo bem, tudo certo, você começa a implicar, falar besteira...

ELE - Ô minha linda, vem pra cá, vem...

ELA - Eu não, depois do que você falou da minha mãe. (fazendo charme, pegando na calça dele, que está sobre o sofá, um celular e mexendo nas chamadas discadas)

ELE - Ah, desculpa, lindona! (pausa) Já pedi desculpa, agora volta aqui.

ELA - Vem você me buscar, se quiser.

ELE - Eu vou mesmo... (entra o homem e abraça a mulher, a beija um pouco, toca o celular. Ele se vira pra calça, mas o celular esta solto sobre o sofá. Amigo (Sérgio), chamando pra jogar futebol. Ele desliga.)

ELA - O Sérgio me disse que a Ana tá na cidade, passando uns tempos...

ELE - É verdade, mas eu não vejo a Ana há muito tempo, viu...

ELA - Mas você já falou com ela? Vocês vão se encontrar?

ELE - Não... não, num falei, nem tenho o número.

ELA - Mentira, seu puto! Ta aqui, porra, eu acabei de ver!

ELE - Como é que cê mexe assim nas minhas coisas?!

ELA - Porque você mente!!

ELE - Eu minto pra você não se intrometer em tudo que acontece na minha vida... Tem uma parte dela, Margarida, que é só minha, sabia?

ELA - Pode até ser, mas essa é que não é. Todas as suas ex-namoradas, que aparecem do nada e pra quem você liga, passam imediatamente a ser parte da minha vida também!!!! Você ta pensando o quê? Que eu sou otária, porra?!

ELE - Não, que eu quero ver uma pessoa que eu não vejo há muito tempo!!

ELA - Puta, homem é burro demais... (ameaça um choro) Não tem problema, cara, se vc quer encontrar com ela... me leva junto.

ELE - Não tem nada ver, Margarida, não viaja...

ELA - Como assim?! Se a relação tivesse tranqüila, terminada, se você não sentisse nada por ela, não teria porque esconder que ta comigo, que ta bem, que ta quase casando com outra mulher...!

ELE - Ta louca, lindinha, ta louca?! Eu só achei que não tinha porquê falar... não precisava...

ELA - Você ta mentindo pra mim e é isso que ta me deixando louca.... louca sim, Alencar... Que merda! Vai se foder, seu puto.

ELE - Cala boca, cara, ce ta passando dos limites. Não aconteceu nada e olha o escândalo que você ta fazendo.... chega! Descontrolada... imagina só o dia que acontecer alguma cois-

ELA - Que é que ce ta falando? Que dia vai acontecer? Que dia? Que dia? Vai acontecer? Porque foi isso que você disse...

ELE - Chega, meu amor, deu... pra mim deu... eu gosto de você, você sabe dis- (vai fazer um carinho e ela bate nele)

ELA – (batendo no braço dele) Sai de perto de mim! Que merda (mão no rosto) eu to muita raiva Alencar, muita raiva.

ELE - Ce me bateu, porra! Vai embora, Margarida.. (começa a pegar as coisas dela) agora eu é que fiquei puto... pra mim chega, tchau. Eu já to ficando cansado, cansado de verdade, viu, desses escândalos que voc...

ELA - Alencar, olha aqui...

ELE - Cala boca! Cala a boca. Sai daqui agora. Eu já ouvi merda o suficiente por hoje. Cê viaja, cara... Vai embora. (abre a porta)

(pausa)

ELA - (chorosa) Eu sou tão apaixonada por você...

ELE - Tchau. Agor vai. Vai, Margarida.

Ela sai. Muita chuva. Indo pra casa a pe.
OFF - Nao consegui fugir dessa maldita chuva... Eu sabia. O dia tava bonito, eh verdade, mas nunca eh bonito a ponto de vencer a chuva. Ela vem, sem mais nem menos, e arrasta as arvores, a doenca, o calor, as promessas. Mistura tudo na bagunça do dia a dia, na bagunca dos carros, buzinas, historias como a nossa, tantas.
Ta ai ela, a nossa historia, indo embora com a chuva dessa quarta-feira mergulhada em melancolia... parece domingo.
(Chega em casa, chorando; serve um copo de whisky, liga o som (Cucurrucucu Paloma) e se senta no sofa. Chora e cantarola a musica.)

Creditos.



Por Anita Petry
(qualquer semelhanca da foto e do texto com a vida real eh mera coincidencia.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

A Primavera Chegou...


Nao tenho muito o que cantar, apenas ares mais leves me passeando pelos pulmoes.

Muitos compromissos. Musica bonita, convites especialissimos, pessoas novas, beijo na boca.
Quilinhos a menos, cartao de visita, pera de manha, palavra sincera. Felicidade instantanea.

(calmaria, carinho, cuidado)

Eu comprei o efervescente, dilui no copo d'agua, e mandei goela abaixo um desejo de paz muito grande, uma sede de calmaria, um pedido de mais forca, aquele sopro de vida que me fazia tanta falta...

E eh pra isso mesmo que continuo na labuta. Preciso, desejo .c.a.l.m.a.r.i.a. .d.e. .l.a.g.o.a.

O calor do sol, ainda incerto, inseguro, oscilante, ha de manter tanta novidade (em tantos sentidos!) florescendo.

Hoje, atravessando a praca de todo dia, chegando na faculdade, uma surpresa maravilhosa me acordou o olhar, anestesiado de trem. A grama estava verde. Ate flor tinha na praca antes cinza, umida, escorregadia.

A primavera chegou e me desatino a se-la de manha, de tarde e de noite. Mas tem uma voz que ainda me acorda o peito, anestesiado de outros amores. Uma voz que nao me toca, mas ainda assim desequilibra, entontece.

Chego a me lembrar do inverno...

"Nao desanima, moca!" Amanha eh terca-feira, mas, como todo amanha, nao deixa de ser um novo dia.



Por Anita Petry

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Eu estou bem.


Mas o espelho nao eh o mesmo todos os dias.

sábado, 12 de abril de 2008

Mais calma


A mare baixou.
O mar, antes tenso, tempestuoso, agitado, brabo, agora parece uma lagoa.
O meu peito, sem receio, se derrama nessa lagoa como quem se deita sobre uma cama pra esperar a cura vir.

No meu cantinho, mais calma, mais alegre.
O sol saiu e vi que ele sempre esteve la.
Se tem sombra, tem sol.

Outro dia me peguei propagandeando o Brazilian Reggae.
Engracado.
Eh cada uma...

"Ohhh... Natiruts reggae power chegou..."

:o)



Por Anita Petry

terça-feira, 1 de abril de 2008

Essa semana ta foda... (mas eu sei que passa!)


O chao escorregou de repente!
Cade o chao, porra?!
Parem olhos, glandulas, seja la o que for! Eu nao quero chorar agora.

Nao!

To tao longe… Que medo estranho, forte, real.

[Da ate falta de ar]

Nao tem Asa Norte, Beiras, teatro candango universitario; amigos, amores, historia.
Gosto de passear pelos caminhos que a vida aponta, mas tem hora que o incerto, o desconfortavel, o novo da tanto medo. Tem hora que cansa.

Tem hora que eu quero dizer “altas!” e bater um papo com os meus amigos, tomar umas com a Eta, dar umas risadas com a Lia, trocar confidencias com o Fernando!

Tem hora tambem que quero ir ao Beirute, ver que estou no meu lugar, conhecer as pessoas que estao em volta, me sentir livre por conhecer a cidade toda (em vez de presa), desfrutar do prazer futil de minha popularidade barata. Sim, ela me deixa mais segura.

[Parece ate falta de ar]

Chega de Corona! Eu quero Antartica!

Eh comico, eu sei.
Mas, convenhamos, estou sozinha no meu quarto, bebum, ouvindo musica brasileira e… longe. To me sentindo tao longe agora. Longe da pele dos meus irmaos tao lindos, longe do cheiro da minha mae, do sofa da varanda, da garagem quente por causa do ar que vem da rua.

Saudades da rua tambem, do CEUB, do Manara, da W3.
Saudades de ter saudades do Lago Norte! Saudades da saudade gostosa, saudavel que o desenrolar da vida faz a gente sentir.

[Que falta de ar…]

“Help! Eu preciso sambar..”
Acho que vou ouvir essa musica agora.



Por Anita Petry

sexta-feira, 28 de março de 2008

Necessidade


Um sopro de vida, pelo amor de deus!

Eh, to precisando.
Nao vou choramingar pela vida, mas tambem nao me permito mais fingir que nao ha uma angustia qualquer (que pode ser um emaranhado de frustracoes) me tirando o sono, a forca, o riso.

Nao gosto dela. Nao gosto de me sentir assim. Nao gosto de pessoas assim em volta.

Mas ela me pegou.
Traicoeira, bandida, malandra.
Nociva.

Nao tenho sentido fome e o que me faz comer eh unicamente um descontrole absoluto de ansiedade, ou de qualquer outra coisa.

Gosto de beber, mas a bebida tem aflorado em vez de anestesiar.

Ler sempre foi uma valvula de escape da melhor qualidade, mas tem uma inquietude estranha que nao me deixa viajar.

"A paz invadiu o meu coracao..."

Acho que vou ouvir essa musica agora...


Por Anita Petry

domingo, 23 de março de 2008


Meus sentimentos sao uma gangorra.
Minha cabeca eh uma gangorra.
Essa gangorra eh um conjunto de momentos.

Vivendo intensamente as dores e agonias de um amor que ainda nao chegou.
Me pergunto como pode apos uma prova tao especial de que a arte ainda vive.
Me pergunto como pode diante de um mundo inteiro de dores maiores.
Me pergunto como pode diante de sofriemeto tao mais digno.

Nenhuma de minhas indagacoes muda o que o coracao, safado, causa em meu corpo.

Nao tem problema. Apesar da dor, sei que prefiro a ela mil vezes do que a nao sentir os momentos bons que minha paixao fugaz e infantil (em todos os sentidos) me proporcionou.

Sinto dor; logo, meu corpo esta vivo.

Aperto no peito.
Incrivel pensar que passa. E passa. Eu sei.

Vai passar, ne?

Vai dar tudo certo... E, se nao der, eu vou ter que sobreviver.

Uns arranhoes aqui, outros ali.

Anticorpos.

Vida vivida.

Amo esse meu coracao.
Amo esse sentimento puro.
Amo esse encanto que, por capacidade minha, toma conta de meus dias.

Amor.

Perdao esta dado aos traficantes e assassinos, Juju!

Acho que meu sentimento comecou a se transformar... E se tranforma mesmo!

O ser humano eh capaz de sentimentos tao bobos e magicos ao mesmo tempo...

Gosto de senti-los, de diagnostica-los.

Boa noite.
Os anjos nao dormirao comigo hoje.
Esta noite, os meus irmaos tao amados o farao.



Por Anita Petry

segunda-feira, 17 de março de 2008

..fora da zona de conforto..




Comecando a me sentir segura. E feliz!


Por Anita Petry

quarta-feira, 12 de março de 2008

Eh melhor ser alegre que ser triste.




Conservo ainda aquela velha tendencia de esconder as dores tao la no fundo que ate eu mesma esqueco que elas existem, mas tenho lidado com o maximo que consigo.

Tenho encarado algumas dores, e algumas delicias.
Outras, guardo conscientemente dentro de mim. Nao tenho energia pra elas agora.
O bacana eh que essa consciencia faz com que, como uma maquininha, algo apite, coce, cutuque aqui dentro, avisando: Agora voce tem energia pra isso! Chegou a hora de resolver aquilo!
E la vou eu, mais forte, mais segura, confiando nessa parte de mim que mandou o recado.

E me irrito quando comeco a ver (com essa consciencia toda!) que algumas pessoas extrememente amadas por mim atropelam escandolasamente essas dores, dando-lhes novos hematomas, novos arranhoes.
Nao sei se eh compaixao ou um sentimento esquisito de estar sendo injusticada pela necessidade de encarar as coisas. Por que eu nao posso viver alienada tambem?

Sei que quando a gente entra num processo como esse-tem momentos que a gente evolui, briga, cresce muito -da vontade de cobrar isso dos outros tambem. Eh que olhando de fora, o contrario parece incrivelmente mediocre.

Porem, ha que se dar tempo ao tempo. Cada um vive a sua propria historia, e da maneira que lhe cabe. De fato, tem gente que sofre mais. Tem gente que precisa se conhecer.
E tem gente que vive de olhos cobertos, tapados, que possue olhos cegos.
E que, aparentemente, nao precisa ver.

Eu acho que essas pequenas vitorias pessoais (das quais so eu fico sabendo!) tem me feito muito bem.
E eu nao sou de mexer em time que ta ganhando!

(parece ate que meu peito cresceu!)

:o)


Por Anita Petry

domingo, 24 de fevereiro de 2008

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

De manha.


Acordei com colica. Daquelas de matar, sabe?

A angustia me atacou de novo. Eh estranha essa angustia fisica onde o peito nao doi, tampouco a consciencia. Essa angustia eh das pernas.
Nao eh tristeza; eh dor fisica, osso doendo. As pernas estao descansadas, relaxadas, mas ainda assim me matando.
Parece que algo se contrai la dentro, um musculo que existe dentro dos ossos, dentro do femur.

Desgraca.

Tomo 4 remedios diferentes, todos daquele tipo que diz: nao combinar com outra medicacao que contenha a subatancia X, e vou pra aula. Sentada no banco gelado da estacao, penso: New York, New York.
Nao sei o que isso quer dizer.
Vem um trem (que obviamente nao eh o meu) e faz um barulho descomunal e ensurdecedor. Penso: New York, New York.

Lembro-me do Escort quentinho, dos canteiros perto do Super Maia, dos bequinhos na rua do Indi (tanto o da Mariana Toti, quanto o da Flora e da Luiza); Me lembro do cheiro do almoco (que vinha da cozinha como feito por magica), da piscina (graciosa e imovel), da grama (mais verde que a do vizinho!).

Puta merda! Que frio!

Tenho passado mal com o frio, sabe?
Essa mudanca brusca de estar congelando e no minuto seguinte arrancar a roupa por causa do suor, ou ate de sentir frio e suar ao mesmo tempo (quando corro atrasada por essas ruas), tem me deixado tonta, enjoada, mais cansada.

Aula de teoria teatral. Discussao interessante sobre peca maravilhosa. Sala quentinha. Colica (como que por milagre) indo embora com o calor gostoso que me permite relaxar.

Anseio a chegada do verao como se a vida fosse mudar.
Os dias com certeza mudarao; mas a vida, na verdade, ja mudou!

Mando um beijo, soprado de minhas maos, coloco a bagagem nas costas e, confiando nas pernas angustiadas, me ponho de novo a caminhar.

Amo essa sensacao estranha como a propria vida. E eh como um prazer infinito assistir ao fim da angustia, magica do ser humano.


Por Anita Petry

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Em resposta de amor eterno (ao som de Belchior)


Saudades da minha amiga.
Sempre e tanta.

Saudade boa de tanta poesia.
Saudade boa de tanto sorriso.

Saudade de choro desenfreado que sabe que logo vai secar.
Saudade de tanta cumplicidade, parceria, sintonia!

Saudade de quem esta tao longe e tao perto, como ela mesma diz.
Saudade gostosa que me apresso em curtir.

Saudade gostosa que em breve se estanca.
Saudade em que me agarro agora.
Saudade que daqui a pouco se vai.

Vai, saudade!
Vai comer paella, tomar canas, mirar el cielo bonito de Madrid!

Eu vou; se ela quiser, que venha junto comigo.


Por Anita Petry

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

A música chegou.



Chegou a música do lado de cá,

Confortante aquela que não é de todo canto,


[do trem, do pátio, do Square]


Aquela que cala a gente,

Que silencia o monte.


Aquela que quebra

A quizumba do bonde.


A música do meu canto.

Iracema da América que sou.


Iracema que pena

Que segue, que ouve.


"Voa, Iracema!"

As palavras se perdem

As referências se esvaem


"Mas voa, menina!"

Agarra as raízes

Que assim elas não caem.


"Mira o céu!"

O mesmo céu de teus amores,

Mas olha pro chão; não tropeça!


Como é burra,

É burrinha.


Não faça assim, Iracema.

Vai-te com o vento.


Eu te mando a melodia atrás.

E prometo que chega a tempo.



Por Anita Petry

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

O direito a indignar-se.

(Esse texto foi escrito e engavetado, mas hoje senti que se ele não tivesse nascido há alguns meses, nasceria essa manhã.)

Sinto-me no direito de ficar indignada.
Sei que meus medos, meu silêncio arredio, minha dissimulação ensaiada, até essa minha insegurança estranha, doída, já causaram dor e ainda hão de causar.
Mas não falto com respeito, não traio lealdade, cumplicidade.
Sei ser companheira.
Se minhas frustrações, quando se deparam com a vida, machucam e fazem doer, não estou à parte dessa dor. Ela é minha as well, acredites. Não acho também que isso justifique o fato de fazer mal a quem está a minha volta sem, um dia, parar pra entender as coisas e realmente mudá-las.

O que andou me cutucando hoje foi uma consciência leve (até leve demais pro meu histórico sórdido), uma sensação muito boa de ter cuidado de quem é querido por mim, de quem me quer bem em troca.
Quando assim, te prepares, uma sensação de direito a indignar-se comeca a aparecer. Sim, sensação de “estou legitimamente autorizada a reclamar!”
Não sei bem de onde ela vem. Mas existe.
E não é boa coisa quando a gente percebe que foi o outro quem sujou a roupa. Ela não deixa de estar, como já estava há tempos, suja.
Quem me lembrou disso hoje foi a Cacá (que seria de mim sem as amigas-irmãs?), com uma frase que só amiga de tantas poderia dizer. E ela tem propriedade: "Eu sei que é foda essa coisa de decepção, quando gostamos de uma pessoa e ela trata a gente assim desse jeito... E você, entao? Nunca vi falando ou fazendo algo grosseiro assim com ninguém. Acho muito injusto. Você é sempre meiga, pra cima, carinhosa com as pessoas".

Como é bom ter alguém pra fazer a gente lembrar dos próprios atos.
Sim, a gente faz coisas boas que às vezes acaba esquecendo.

E essa minha calmaria tem dias contados.
Não, não vou sair por aí virando mesa de bar. Continuo sendo quem a vida me fez.
Agora, se for pra fazer justiça à minha pessoa, comprarei quantas brigas forem necessárias.
Cantar as mágoas todas pra longe pra evitar cara feia, discórdia, confusão, ainda é parte de mim. Mas guardar mágoa eu não guardo mais não. Faz a gente ficar feia.

Tenho gostado tanto de mim. Do meu jeito de amar os amigos, a música, o texto.
Da visceralidade de minha saudade pelos pequenos. Do meu jeito de querer ficar linda e acabar esquecendo de passar a maquiagem (putz!). Do meu jeito de querer saber tudo, ser grande atriz, orgulhar pai e mãe, ler toda a obra de Shakespeare!, e sempre terminar só filosofando mesmo, sentada no boteco.
Tenho gostado muito do meu jeito de esquecer as coisas ruins e guardar lembranças boas de tudo e todo mundo.

Sim, esse alguém que despertou o direito à indignação está desculpado, é claro, apesar de não ter nem pedido desculpas!

Eu preciso ir trabalhar.


Por Anita Petry

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008


"Teatro é ao vivo. Olho no olho, respirando o mesmo ar, sob a mesma temperatura, tendo vivido o mesmo dia na mesma cidade, ator e espectador estabelecem uma relação -real, simbólica, física, esotérica, intelectual, sexual -irrecuperável, irreversível e irreproduzível. Essa é sua força e sua maldição.


É a mais cruel da artes. Acontece ou não a cada apresentação. Em teatro não há segunda chance, bula nem perdão garantido pelas boas intenções. Vale o vivido. Ou não vale nada. Não dá pra deixar na estante e tentar ler depois de uns anos. Não dá pra ver de novo numa sessão da tarde e só então se emocionar. Não dá pra esbarrar com a obra num museu e viver uma epifania."


Aimar Labaki


"Nosso ritual diário de comunhão com o público ainda vai ser percebido como ouro, uma coisa rara e um luxo, pois o nosso teatro é apontado para o futuro, com ambição de que a arte, como o futebol, seja o esporte das multidões."


Zé Celso


O teatro, essa arte estranha e cruel, tomou conta mais uma vez de minha vida. Ou ao menos de meus dias.
Um brinde!