segunda-feira, 28 de julho de 2008

Fora da noite. Dentro de mim.


É noite na cidade-letreiro
e a idéia que construí dela,
unicamente a idéia, nada além da idéia
que construí de seus prédios, ratos, amantes, habitantes, imigrantes,
me faz uma companhia inenarrável.

Não, esse companheiro-idéia não existe nem um milímetro sequer para fora de minha cabeça, para fora de minha boca.
E nem poderia compreendê-lo qualquer outro alguém que não eu mesma.

“A poesia é barulho quando rumoreja ao sopro da leitura.” Estavas certo, Poeta.
Mas a poesia também é pulsação enquanto, sendo criada, altera o estado de meu peito,
acalma, abranda meu coração.

À poesia triste de meus amores falidos, derrotados, meus amores mal-amados, foi dado o poder, por vezes desacreditado, de botar-me feliz.

Ela é como um espelho meu, uma imagem do que me atormenta
e apesar de ter eu mesma a criado, ela é como um consolo, é como a existência de meu caos registrada em papel.

É como a existência de caos semelhante em meio apartado de minha alma, alheio à minha confusão, exclusiva e inteiramente minha,
tão minha, assim como eu mesma,
(as mãos que herdei de minha mãe, os cachos que herdei de meu pai, os olhos que não sei de quem vieram)

É como se essa confusão, tangente à sanidade, deixasse de ser exclusivamente minha.

E ao tornar-la parte do mundo exterior, inexoravelmente me agarro a ela, fazendo-a uma parte quase tolerável de mim, muito minha;
fazendo-a tão involuntária e intensamente Anita, assim como minha pele, carne e osso são partes de mim,
do esmalte vermelho que se agarra às minhas unhas, de meus órgãos em funcionamento duvidoso, do cheiro nos cabelos (as tais células mortas),
da tontura alcoólica, ou a ausência gritante, estranha dela,
assim como são parte de mim os amores fracassados que cismo em importunar, castigar em visagens encantadas.



Por Anita Petry

domingo, 13 de julho de 2008

And I try to ignore.


Angustiazinha chata! Leave my throat alone, for God’s sake!

Porque eh que tem que vir… I didn’t even realize it was already Sunday again! Maybe I had to. After all, it’s a week from last Sunday, when something indescribable was happening to my heart.

It’s a week after and life has been going without much purpose. Intense; still, somehow without much purpose.

Antonio and Ebert leaving.

Nina and Sassa arriving.

Alby remains so far from my pillows, my shower, my legs.

His music though still touches me, my heart, the walls around my bed, my fidgety hands, feet, lips. His music became the soundtrack of pretty much everything I’ve been doing. So many feelings I’ve had to deal with... And now his passionate rhythm is almost the soundtrack of American History!

If George Washington knew how Cuban his theme would be!

Yes, thank God, writing does do some good. But when someone writes you back, the response is like the real change. It’s when the pain goes from being your intimate desire to becoming the actual change through someone else’s hands. Eh como o sonho sonhado junto que acaba por virar realidade. Deixa de ser o sonho do bobo, daquele que tem a cabeca no mundo da Lua.

So much fear.

“He said ‘It’s scary’ but I didn’t understand what he meant.”

He knew so much more. He was always thirty feet ahead of her, although his heart seemed to be attached to everything she did, even the hysterical laugh the bottles of liquor would undoubtedly cause her, bottles that he didn’t like nor understood.

All I needed was a pause button applied to my thoughts. You can’t think of one single sentence, unless it was written by Proust, for more than an hour, more than a day, over every activity that makes your daily routine, or nights away in varied states of consciousness.

“…I’m still thinking about you. I’m so lonesome without you and I can’t get you out of my mind…”

A cliché song to translate cliché feelings.

“…So don’t pay no mind to my watering eyes. Must be something in the air that I’m breathing…”

Hope you have a good night, dear.
Wish you luck, health and a little bit of saudades de mim.


Yours.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Coracao apertado o meu - Mas desaperta... Ah, se desaperta!


Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...

Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído
Num grande mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho - ó dor! - quase vivido...

Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim - quase a expansão...
Mas na minh'alma tudo se derrama...
Entanto nada foi só ilusão!

De tudo houve um começo ... e tudo errou...
- Ai a dor de ser - quase, dor sem fim...

Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se enlaçou mas não voou...
Momentos de alma que desbaratei...
Templos aonde nunca pus um altar...
Rios que perdi sem os levar ao mar...

Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...

Um pouco mais de sol - e fora brasa,
Um pouco mais de azul - e fora além.
Para atingir faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...


Mário de Sá-Carneiro

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Fidgety Heart (na lingua estrangeira agora)


We didn’t let each other go. That’s all we did.

No sickly passion. No painful fight. No first sight insane love.

We noticed each other and have been, ever since, sometimes without much purpose, I confess, doing what the circumstances allow us to get closer and to not ever let each other stray.

We want each other in a subtle, almost lazy way.

It’s without much strive that we walk through each other’s lives.
And I guess we found some kind of strength within softness.

“She said ‘I love you’ but she didn’t mean anything.”

Mas tem que haver felicidade, porra… felicidade tem que ter…
Nem que a gente dependa de um album… musica, fotos, lembrancas…

Buena Vista Social Club.

Algo tem que chegar ao coracao. Correr pele, musculo, osso pra fazer o amor seguir, existir, nascer.

Como gosto de ti, meu bem.

(Vontade presa de chamar-te “meu amor.”)

I, so strong, courageous, tough, can’t help crying the anticipation of your absence.


Fidgety,
Anita.