quinta-feira, 29 de maio de 2008

Cade?!


Que vontade de escrever alguma coisa!
Que vontade de jogar pro papel (ou pra tela) esse bando de coisas que se passa pela minha cabeca (e pelo meu coracao)!

Eh tao dificil...

O Welder se casou.

A Emilia morreu.

O Beto se mandou pra Barcelona.

O Fernando abriu uma loja.

A Lia se apaixonou.

O Ronaldo teve um principio de infarto.

A Mila se formou.

O Juliano foi pra Cannes.

A Judy nao vai ensaiar.

O Dustin nao ligou.

A Marieta nao escreveu.

A Cadija vai cortar os cabelos.

O Bruninho atendeu o telefone.

Eu preciso de dinheiro, carinho, emprego novo, amigos novos, lingua nova (!), teatro, seguranca, quilos a menos, privacidade!

"Garcom, um chopp, por favor, com colarinho!"


A primavera chegou e a vida segue no mesmo turbilhao. Porem, as vezes, mais dificil de acreditar.

O importante eh a redescoberta em meio a esse turbilhao. A redescoberta da amizade, daquele amor adormecido.

A redescoberta do olhar do ser humano, tao cheio daquilo que so nos temos: a capacidade de expressar uma emocao e, assim, possibilitar o convivio social, as relacoes tao lindas que a gente constroi no decorrer da vida.

(O chopp chegou)

Um brinde!




Por Anita Petry

domingo, 18 de maio de 2008

Saudades de Cacique e de Paje!

A saudade eh compativel com o bom humor.

Eh domingo em Nova Iorque. Domingo chuvoso.

A minha saudade nao eh triste. Ela eh so imensa. “So” imensa.

Tomo, sozinha (como tenho passado, e me sentido, grande parte do meu tempo por aqui), uisque e ouco Ole Ola.
Agora, no exato momento em que carrego o copo da boca pra mesa, nesse exato segundo, ninguem mais me vem palpitar o peito, ninguem, ninguem mais me deixa nostalgica como voce. Como teu riso sincero, teu amor escancarado, irresponsavel, teu prazer com a poesia, suja como ela ha de ser.

“Eu sei que o violao esta fraco, esta rouco, mas a minha voz nao cansou de cantar […]
Quem passa nem liga, ja vai trabalhar…”

Voce, Ronaldo, eh a minha grande ideia de poesia. E eh a ela que dedico a minha vida, os meus momentos intimos, os mais pessoais que existem.

Eu gosto das historias, sabes disso, porra, como quem gosta de viver. Eu gosto do nosso riso de poeta entregue (porque, sem falsa modestia, compartilhamos desse talento) como quem gosta da vida.

A saudade que sinto daquela merda daquela cozinha de Amaranta nao se explica, se canta. A saudade que sinto dos teus bichos, teu rio em alarde, nao se escreve, me arde.

A vida esta boa. Eu estou feliz. Mas ainda sonho com outras rimas, outras melodias, outras terras.

Amigo, adulto, coracao, saudades de voce.

Beijos da Anita, que ama voce, agora, com 23 anos!



Por Anita Petry.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Querendo ficar mais bonita...


...Mais magra, mais bronzeada, mais arrumada.

Nao preciso ficar mais interessante, nem mais paciente, nem mais informada.
Hoje, nao.

Amanha, rirei de ontem (que, no caso, sera esse dia, em que vos escrevo).

Eh claro que vou acabar rindo. Sei disso.
E me delicio um pouco em antecedencia, confesso, como que num sinal de alivio e permissao.

A verdade eh que a gente faz muita cagada na vida, e essas a gente nao evita.
A minha cabeca nao eh a mesma todos os dias (nem o espelho) e isso deve ser respeitado.

Deixem que alimente minha vaidade, minha futilidade, minha mediocridade! Oxi... CMC CSF ULM!
Amanha passa. A gente pode ate discutir Freud, Fisica, Filantropia na Finlandia!, se for fazer-te feliz.

O importante, minhas experiencias cotidianas que nada tem de especial tem me mostrado, eh rir depois.

Laughing saves the day.
E rir de si mesmo eh raro e delicioso!

Queria estar mais bonita hoje. Queria mesmo. Que saco.

"Quero mais eh que o mundo se exploda e meu peito cresca!" :o)

Ouvindo Alice in Chains... tudo de bom, meu bem!



Por Anita Petry.

domingo, 4 de maio de 2008

Margarida e Alencar


(Uma mulher de camiseta e calcinha sai do quarto (e entra em cena) dando risada, brincando com alguém que está dentro do quarto).

ELA - Pára Alencar, chega, eu não agüento mais (risada) Por favor, pára!
O convite do meu pai ta aqui... a gente vai lá hoje à noite? (Pega uma ameixa e come)

ELE - Só se você voltar pro quarto.

ELA - É sério Alencar, chega... olha, se a gente for tem que ligar pra confirmar... minha mãe ta preparando essa merda há mais de um mês... (ri)

ELE - Volta pra cá...

ELA - Ai, Alencar que saco. Ce ouviu o que eu falei?

ELE - Ouvi, linda, sua mãe ta sempre procupada com besteira... só faz merda mesmo. Podia era trabalhar, né? Parar de encher o saco dos outros. Sei lá ... mulher, viu, vai ficando velha e....

ELA - Alencar, cala a boca. Que que ce ta falando? Eu nunca falei assim da sua mãe na vida, e motivo não falta, cê sabe.

ELE - Margarida, fica na sua, que a minha mãe trabalha, ela faz alguma coisa da vida...

ELA - Alencar, chega! Não vou discutir aqui se a minha mãe é melhor que a sua... coisa ridícula. Tava tudo bem, tudo certo, você começa a implicar, falar besteira...

ELE - Ô minha linda, vem pra cá, vem...

ELA - Eu não, depois do que você falou da minha mãe. (fazendo charme, pegando na calça dele, que está sobre o sofá, um celular e mexendo nas chamadas discadas)

ELE - Ah, desculpa, lindona! (pausa) Já pedi desculpa, agora volta aqui.

ELA - Vem você me buscar, se quiser.

ELE - Eu vou mesmo... (entra o homem e abraça a mulher, a beija um pouco, toca o celular. Ele se vira pra calça, mas o celular esta solto sobre o sofá. Amigo (Sérgio), chamando pra jogar futebol. Ele desliga.)

ELA - O Sérgio me disse que a Ana tá na cidade, passando uns tempos...

ELE - É verdade, mas eu não vejo a Ana há muito tempo, viu...

ELA - Mas você já falou com ela? Vocês vão se encontrar?

ELE - Não... não, num falei, nem tenho o número.

ELA - Mentira, seu puto! Ta aqui, porra, eu acabei de ver!

ELE - Como é que cê mexe assim nas minhas coisas?!

ELA - Porque você mente!!

ELE - Eu minto pra você não se intrometer em tudo que acontece na minha vida... Tem uma parte dela, Margarida, que é só minha, sabia?

ELA - Pode até ser, mas essa é que não é. Todas as suas ex-namoradas, que aparecem do nada e pra quem você liga, passam imediatamente a ser parte da minha vida também!!!! Você ta pensando o quê? Que eu sou otária, porra?!

ELE - Não, que eu quero ver uma pessoa que eu não vejo há muito tempo!!

ELA - Puta, homem é burro demais... (ameaça um choro) Não tem problema, cara, se vc quer encontrar com ela... me leva junto.

ELE - Não tem nada ver, Margarida, não viaja...

ELA - Como assim?! Se a relação tivesse tranqüila, terminada, se você não sentisse nada por ela, não teria porque esconder que ta comigo, que ta bem, que ta quase casando com outra mulher...!

ELE - Ta louca, lindinha, ta louca?! Eu só achei que não tinha porquê falar... não precisava...

ELA - Você ta mentindo pra mim e é isso que ta me deixando louca.... louca sim, Alencar... Que merda! Vai se foder, seu puto.

ELE - Cala boca, cara, ce ta passando dos limites. Não aconteceu nada e olha o escândalo que você ta fazendo.... chega! Descontrolada... imagina só o dia que acontecer alguma cois-

ELA - Que é que ce ta falando? Que dia vai acontecer? Que dia? Que dia? Vai acontecer? Porque foi isso que você disse...

ELE - Chega, meu amor, deu... pra mim deu... eu gosto de você, você sabe dis- (vai fazer um carinho e ela bate nele)

ELA – (batendo no braço dele) Sai de perto de mim! Que merda (mão no rosto) eu to muita raiva Alencar, muita raiva.

ELE - Ce me bateu, porra! Vai embora, Margarida.. (começa a pegar as coisas dela) agora eu é que fiquei puto... pra mim chega, tchau. Eu já to ficando cansado, cansado de verdade, viu, desses escândalos que voc...

ELA - Alencar, olha aqui...

ELE - Cala boca! Cala a boca. Sai daqui agora. Eu já ouvi merda o suficiente por hoje. Cê viaja, cara... Vai embora. (abre a porta)

(pausa)

ELA - (chorosa) Eu sou tão apaixonada por você...

ELE - Tchau. Agor vai. Vai, Margarida.

Ela sai. Muita chuva. Indo pra casa a pe.
OFF - Nao consegui fugir dessa maldita chuva... Eu sabia. O dia tava bonito, eh verdade, mas nunca eh bonito a ponto de vencer a chuva. Ela vem, sem mais nem menos, e arrasta as arvores, a doenca, o calor, as promessas. Mistura tudo na bagunça do dia a dia, na bagunca dos carros, buzinas, historias como a nossa, tantas.
Ta ai ela, a nossa historia, indo embora com a chuva dessa quarta-feira mergulhada em melancolia... parece domingo.
(Chega em casa, chorando; serve um copo de whisky, liga o som (Cucurrucucu Paloma) e se senta no sofa. Chora e cantarola a musica.)

Creditos.



Por Anita Petry
(qualquer semelhanca da foto e do texto com a vida real eh mera coincidencia.