domingo, 4 de maio de 2008

Margarida e Alencar


(Uma mulher de camiseta e calcinha sai do quarto (e entra em cena) dando risada, brincando com alguém que está dentro do quarto).

ELA - Pára Alencar, chega, eu não agüento mais (risada) Por favor, pára!
O convite do meu pai ta aqui... a gente vai lá hoje à noite? (Pega uma ameixa e come)

ELE - Só se você voltar pro quarto.

ELA - É sério Alencar, chega... olha, se a gente for tem que ligar pra confirmar... minha mãe ta preparando essa merda há mais de um mês... (ri)

ELE - Volta pra cá...

ELA - Ai, Alencar que saco. Ce ouviu o que eu falei?

ELE - Ouvi, linda, sua mãe ta sempre procupada com besteira... só faz merda mesmo. Podia era trabalhar, né? Parar de encher o saco dos outros. Sei lá ... mulher, viu, vai ficando velha e....

ELA - Alencar, cala a boca. Que que ce ta falando? Eu nunca falei assim da sua mãe na vida, e motivo não falta, cê sabe.

ELE - Margarida, fica na sua, que a minha mãe trabalha, ela faz alguma coisa da vida...

ELA - Alencar, chega! Não vou discutir aqui se a minha mãe é melhor que a sua... coisa ridícula. Tava tudo bem, tudo certo, você começa a implicar, falar besteira...

ELE - Ô minha linda, vem pra cá, vem...

ELA - Eu não, depois do que você falou da minha mãe. (fazendo charme, pegando na calça dele, que está sobre o sofá, um celular e mexendo nas chamadas discadas)

ELE - Ah, desculpa, lindona! (pausa) Já pedi desculpa, agora volta aqui.

ELA - Vem você me buscar, se quiser.

ELE - Eu vou mesmo... (entra o homem e abraça a mulher, a beija um pouco, toca o celular. Ele se vira pra calça, mas o celular esta solto sobre o sofá. Amigo (Sérgio), chamando pra jogar futebol. Ele desliga.)

ELA - O Sérgio me disse que a Ana tá na cidade, passando uns tempos...

ELE - É verdade, mas eu não vejo a Ana há muito tempo, viu...

ELA - Mas você já falou com ela? Vocês vão se encontrar?

ELE - Não... não, num falei, nem tenho o número.

ELA - Mentira, seu puto! Ta aqui, porra, eu acabei de ver!

ELE - Como é que cê mexe assim nas minhas coisas?!

ELA - Porque você mente!!

ELE - Eu minto pra você não se intrometer em tudo que acontece na minha vida... Tem uma parte dela, Margarida, que é só minha, sabia?

ELA - Pode até ser, mas essa é que não é. Todas as suas ex-namoradas, que aparecem do nada e pra quem você liga, passam imediatamente a ser parte da minha vida também!!!! Você ta pensando o quê? Que eu sou otária, porra?!

ELE - Não, que eu quero ver uma pessoa que eu não vejo há muito tempo!!

ELA - Puta, homem é burro demais... (ameaça um choro) Não tem problema, cara, se vc quer encontrar com ela... me leva junto.

ELE - Não tem nada ver, Margarida, não viaja...

ELA - Como assim?! Se a relação tivesse tranqüila, terminada, se você não sentisse nada por ela, não teria porque esconder que ta comigo, que ta bem, que ta quase casando com outra mulher...!

ELE - Ta louca, lindinha, ta louca?! Eu só achei que não tinha porquê falar... não precisava...

ELA - Você ta mentindo pra mim e é isso que ta me deixando louca.... louca sim, Alencar... Que merda! Vai se foder, seu puto.

ELE - Cala boca, cara, ce ta passando dos limites. Não aconteceu nada e olha o escândalo que você ta fazendo.... chega! Descontrolada... imagina só o dia que acontecer alguma cois-

ELA - Que é que ce ta falando? Que dia vai acontecer? Que dia? Que dia? Vai acontecer? Porque foi isso que você disse...

ELE - Chega, meu amor, deu... pra mim deu... eu gosto de você, você sabe dis- (vai fazer um carinho e ela bate nele)

ELA – (batendo no braço dele) Sai de perto de mim! Que merda (mão no rosto) eu to muita raiva Alencar, muita raiva.

ELE - Ce me bateu, porra! Vai embora, Margarida.. (começa a pegar as coisas dela) agora eu é que fiquei puto... pra mim chega, tchau. Eu já to ficando cansado, cansado de verdade, viu, desses escândalos que voc...

ELA - Alencar, olha aqui...

ELE - Cala boca! Cala a boca. Sai daqui agora. Eu já ouvi merda o suficiente por hoje. Cê viaja, cara... Vai embora. (abre a porta)

(pausa)

ELA - (chorosa) Eu sou tão apaixonada por você...

ELE - Tchau. Agor vai. Vai, Margarida.

Ela sai. Muita chuva. Indo pra casa a pe.
OFF - Nao consegui fugir dessa maldita chuva... Eu sabia. O dia tava bonito, eh verdade, mas nunca eh bonito a ponto de vencer a chuva. Ela vem, sem mais nem menos, e arrasta as arvores, a doenca, o calor, as promessas. Mistura tudo na bagunça do dia a dia, na bagunca dos carros, buzinas, historias como a nossa, tantas.
Ta ai ela, a nossa historia, indo embora com a chuva dessa quarta-feira mergulhada em melancolia... parece domingo.
(Chega em casa, chorando; serve um copo de whisky, liga o som (Cucurrucucu Paloma) e se senta no sofa. Chora e cantarola a musica.)

Creditos.



Por Anita Petry
(qualquer semelhanca da foto e do texto com a vida real eh mera coincidencia.

2 comentários:

Cá com meus botões disse...

uhauhauhauahuahauhauhauahuhauahuauahuahauhauhauhuhauahuahuahauhauhuah
Anita, porra!
No final dessa empreitada eu terei uma biografia!
uhauiahauhauhauahauhuaha
Linda, vc é incrivelmente talentosa! Seu texto é sensacional e é por isso que eu te amo tanto...

Hélio Sales Jr. disse...

ehaiheaheehaehehehehaiihea!
:D
Anita, só faltou uma coisa:
"OLHA AQUI, ZÉ CARLOS, NÃO ME PÕE DOIDA!!!"
Demais amor!
:D